quinta-feira, 17 de abril de 2014


TEXTO INFORMATIVO SOBRE SURDOCEGUEIRA E DMU









A surdocegueira é uma terminologia adotada mundialmente para se referir a pessoas que tem perdas visuais e auditivas concomitantes em graus diferentes, podendo ser:
a)     Surdocego total: ausência total de visão e audição.
b)    Surdocego com surdez profunda associada com resíduo visual: ausência de percepção da fala mesmo com aparelho de amplificação sonora individual, com resíduo visual que permite orientar-se pela luz, facilitando a mobilidade e com apoio de alto contraste é possível ter percepção de objetos, pessoas e escrita ou símbolos.
c)     Surdocego com surdez moderada associada com resíduo visual: dificuldade para compreender a fala em voz normal e sua percepção visual à luz permite mobilidade e com apoio de alto contraste é possível ter percepção de objetos, pessoas e escrita ou símbolos.
d)    Surdocego com surdez moderada ou leve com cegueira: dificuldade auditiva para compreender a fala em voz normal ou baixa é necessário falar mais próximo ao ouvido e tom mais alto (fala ampliada), total ausência de visão, sem percepção de luminosidade ou vulto.
e)     Surdocego com perdas leves, tanto auditivas quanto visuais: dificuldade para compreender a fala em voz baixa e seu resíduo visual possibilita que defina e perceba volumes, cores e leitura em tinta ampliada.

Definições quanto ao período em que surge a Surdocegueira

a)     Surdocegueira congênita: quando a criança nasce Surdocega ou adquire a surdocegueira nos primeiros anos de vida antes da aquisição de uma língua (português ou Libras – Língua Brasileira de Sinais). Um exemplo mais freqüente destes casos é a criança com seqüelas da síndrome da rubéola congênita.
b)    Surdocegueira adquirida: quando a pessoa ficou surdocega após a aquisição de uma língua, seja oral ou sinalizada. Os exemplos mais freqüentes deste grupo são pessoas com Síndrome de Usher.

Segundo Grupo Brasil (2002), este grupo de pessoas podem ser:

ü  Pessoas nascidas com audição e visão normal e que adquiriram perdas totais ou parciais de visão e audição.
ü  Pessoas com perda auditiva ou surdas congênitas com deficiência visual adquirida.
ü  Pessoas com perda visual ou cegas congênitas com deficiência auditiva adquirida.

Deficiência Múltipla

No Brasil a deficiência múltipla é considerada como uma associação de duas deficiências ou mais. Na América Latina, América do Norte, Europa, Ásia e Oceania a Deficiência Múltipla só é considerada se há nas associações das Deficiências a Deficiência Intelectual.
Como pode ocorrer a Deficiência Múltipla no Brasil:

Física e Psíquica
·         Deficiência física associada à Deficiência Intelectual.
·         Deficiência Física associada a Transtornos Globais do Desenvolvimento.

Sensorial e Psíquica
·         Deficiência Auditiva/Surdez associada à Deficiência Intelectual.
·         Deficiência Visual associada à Deficiência Intelectual.
·         Deficiência Auditiva/Surdez associada a Transtornos Globais do Desenvolvimento.
·         Deficiência Visual associada a Transtornos Globais do Desenvolvimento.

Sensorial e Física
·         Deficiência Auditiva/Surdez associada à Deficiência Física.
·         Deficiência Auditiva/Surdez associada à Paralisia Cerebral.
·         Deficiência Visual (cegueira ou baixa visão) associada à Deficiência Física.
·         Deficiência Visual (cegueira ou baixa visão) associada à Paralisia Cerebral.

Física, Psíquica e Sensorial
·         Deficiência física associada à deficiência visual (cegueira ou baixa visão) e a Deficiência Intelectual.
·         Deficiência física associada à Deficiência Auditiva/Surdez e a Deficiência Intelectual.
Deficiência visual (Cegueira e ou baixa visão), paralisia cerebral e Deficiência Intelectual.

Por que a Surdocegueira não é uma Deficiência Múltipla

A pessoa que nasce com surdocegueira ou que fica surdocega não recebe as informações sobre o que está sua volta de maneira fidedigna, ela precisa da mediação de comunicação para poder receber, interpretar e conhecer o que lhe cerca.
Seu conhecimento do mundo se faz pelo uso dos canais sensoriais proximais como: tato, olfato, paladar, cinestésico, proprioceptivo e vestibular.
Na deficiência Múltipla não garantimos que todas as informações muitas vezes chegam para a pessoa de forma fidedigna, mas ela sempre terá o apoio de um dos canais distantes (visão e ou audição) como ponto de referência, esses dois canais são responsáveis pela maioria do conhecimento que vamos adquirindo ao longo da vida
Aspectos Importantes sobre Comunicação com pessoas com Surdocegueira e com Deficiência Múltipla

Para as pessoas com surdocegueira e/ou com deficiência múltipla dividimos a comunicação em Receptiva e Expressiva, para favorecer a eficiência da transmissão e interpretação.
A comunicação receptiva ocorre quando alguém recebe e processa a informação dada por meio de uma fonte e forma (escrita, fala, Libras e etc). A informação pode ser recebida por meio de uma pessoa, radio ou TV, objetos, figuras, ou por uma variedade de outras fontes e formas. No entanto, comunicação receptiva requer que a pessoa que está recebendo a informação forme uma interpretação que seja equivalente com a mensagem de quem enviou tentou passar.
A comunicação expressiva requer que um comunicador (pessoa que comunica) passe a informação para outra pessoa. Comunicação expressiva pode ser realizada por meio do uso de objetos, gestos, movimentos corporais, fala, escrita, figuras, e muitas outras variações.
Algumas estratégias são utilizadas para a aquisição da comunicação das pessoas surdocegas e das pessoas com DMU. Em relação às pessoas surdocegas, para elaborar estratégias de aprendizagem, devem-se primeiro observar o nível intelectual e educacional alcançado pela pessoa antes de adquiri a surdocegueira. Para ajudar uma criança que não apresenta nenhum resíduo visual ou auditivo a explorar o meio em que vive a si e ao outro podemos começar utilizando a técnica da mão sob mão, o professor coloca sua mão sob a mão do aluno e orienta o seu movimento sem a controlar, permitindo desta forma que explore o ambiente, seu corpo ou o corpo do professor. Esta estratégia precisa ser bem planejada e deverá ser utilizada com um objetivo de cada vez, ou seja, o ambiente deve ser planejado, e organizado adequadamente para favorecer a interação do aluno com o meio e outras pessoas. Determinar o que vai ser trabalhado, sendo uma coisa de cada vez. Considerando-se que a memória do surdocego tem curta duração as estratégias de aprendizagem deverão ser repetidas quantas vezes forem necessárias até que se tenha certeza de que houve aprendizagem. Outra estratégia que pode ser utilizada para orientação do ambiente, subir escadas através do toque, ou seja, bater suavemente no joelho ou perna do surdocego e conduzir seu pé para o degrau seguinte. Fazer isso repetidas vezes até que a pessoa compreenda a mensagem e possa internalizá-la. Uma outra estratégia, seria exploração do olfato sendo possível a identificação de alguns alimentos como o chocolate, café, varias frutas, e alimentos, associando a essa estratégia pode se associar o olfato com o tato, ou seja, quando sentir o cheiro do café permitir que a pessoa surdocega manuseie um objeto relacionando ao cheio do café com uma xícara, assim fazer com frutas, com a terra, as árvores,e outros elementos do ambiente. Em relação as pessoas com DMU, é necessário organizar o mundo da pessoa por meio do estabelecimento de rotinas claras e uma comunicação adequada. É preciso desenvolver atividades de maneira multisensorial para garantir aproveitamento de todos os sentidos, que sejam atividades que proporcione uma aprendizagem significativa com oportunidades de generalizar para outros ambientes e pessoas

Referências:

Coletânea UFC-MEC/2010; A Educação Especial na Perspectiva da Inclusão Escolar-Fascículo 05: Surdo cegueira e Deficiência Multipla