TEXTO
INFORMATIVO SOBRE SURDOCEGUEIRA E DMU
A surdocegueira é uma
terminologia adotada mundialmente para se referir a pessoas que tem perdas
visuais e auditivas concomitantes em graus diferentes, podendo ser:
a) Surdocego
total: ausência total de visão e audição.
b) Surdocego
com surdez profunda associada com resíduo visual: ausência de percepção da fala
mesmo com aparelho de amplificação sonora individual, com resíduo visual que permite
orientar-se pela luz, facilitando a mobilidade e com apoio de alto contraste é
possível ter percepção de objetos, pessoas e escrita ou símbolos.
c) Surdocego
com surdez moderada associada com resíduo visual: dificuldade para compreender
a fala em voz normal e sua percepção visual à luz permite mobilidade e com
apoio de alto contraste é possível ter percepção de objetos, pessoas e escrita
ou símbolos.
d) Surdocego
com surdez moderada ou leve com cegueira: dificuldade auditiva para compreender
a fala em voz normal ou baixa é necessário falar mais próximo ao ouvido e tom
mais alto (fala ampliada), total ausência de visão, sem percepção de
luminosidade ou vulto.
e)
Surdocego com perdas leves, tanto auditivas quanto
visuais: dificuldade para compreender a fala em voz baixa e seu resíduo visual
possibilita que defina e perceba volumes, cores e leitura em tinta ampliada.
Definições quanto ao período em que surge a Surdocegueira
a) Surdocegueira
congênita: quando a criança nasce Surdocega ou adquire a surdocegueira nos
primeiros anos de vida antes da aquisição de uma língua (português ou Libras –
Língua Brasileira de Sinais). Um exemplo mais freqüente destes casos é a
criança com seqüelas da síndrome da rubéola congênita.
b) Surdocegueira
adquirida: quando a pessoa ficou surdocega após a aquisição de uma língua,
seja oral ou sinalizada. Os exemplos mais freqüentes deste grupo são pessoas
com Síndrome de Usher.
Segundo Grupo
Brasil (2002), este grupo de pessoas podem ser:
ü
Pessoas nascidas com audição e visão normal e
que adquiriram perdas totais ou parciais de visão e audição.
ü
Pessoas com perda auditiva ou surdas congênitas
com deficiência visual adquirida.
ü
Pessoas com perda visual ou cegas congênitas com
deficiência auditiva adquirida.
Deficiência Múltipla
No Brasil a deficiência
múltipla é considerada como uma associação de duas deficiências ou mais. Na
América Latina, América do Norte, Europa, Ásia e Oceania a Deficiência Múltipla
só é considerada se há nas associações das Deficiências a Deficiência Intelectual.
Como pode ocorrer a
Deficiência Múltipla no Brasil:
Física e Psíquica
·
Deficiência física associada à Deficiência
Intelectual.
·
Deficiência Física associada a Transtornos
Globais do Desenvolvimento.
Sensorial e Psíquica
·
Deficiência
Auditiva/Surdez associada à Deficiência Intelectual.
·
Deficiência
Visual associada à Deficiência Intelectual.
·
Deficiência
Auditiva/Surdez associada a Transtornos Globais do Desenvolvimento.
·
Deficiência
Visual associada a Transtornos Globais do Desenvolvimento.
Sensorial e Física
·
Deficiência
Auditiva/Surdez associada à Deficiência Física.
·
Deficiência
Auditiva/Surdez associada à Paralisia Cerebral.
·
Deficiência
Visual (cegueira ou baixa visão) associada à Deficiência Física.
·
Deficiência
Visual (cegueira ou baixa visão) associada à Paralisia Cerebral.
Física, Psíquica e Sensorial
·
Deficiência
física associada à deficiência visual (cegueira ou baixa visão) e a Deficiência
Intelectual.
·
Deficiência
física associada à Deficiência Auditiva/Surdez e a Deficiência Intelectual.
Deficiência visual (Cegueira e ou baixa visão), paralisia cerebral e
Deficiência Intelectual.
Por que a
Surdocegueira não é uma Deficiência Múltipla
A pessoa que nasce com
surdocegueira ou que fica surdocega não recebe as informações sobre o que está
sua volta de maneira fidedigna, ela precisa da mediação de comunicação para
poder receber, interpretar e conhecer o que lhe cerca.
Seu conhecimento do mundo se faz
pelo uso dos canais sensoriais proximais como: tato, olfato, paladar,
cinestésico, proprioceptivo e vestibular.
Na deficiência Múltipla não
garantimos que todas as informações muitas vezes chegam para a pessoa de forma
fidedigna, mas ela sempre terá o apoio de um dos canais distantes (visão e ou
audição) como ponto de referência, esses dois canais são responsáveis pela
maioria do conhecimento que vamos adquirindo ao longo da vida
Aspectos Importantes sobre Comunicação com pessoas com Surdocegueira
e com Deficiência Múltipla
Para as pessoas com
surdocegueira e/ou com deficiência múltipla dividimos a comunicação em Receptiva e Expressiva, para favorecer a eficiência da transmissão e
interpretação.
A comunicação receptiva ocorre quando alguém recebe e processa a
informação dada por meio de uma fonte e forma (escrita, fala, Libras e etc). A
informação pode ser recebida por meio de uma pessoa, radio ou TV, objetos,
figuras, ou por uma variedade de outras fontes e formas. No entanto,
comunicação receptiva requer que a pessoa que está recebendo a informação forme
uma interpretação que seja equivalente com a mensagem de quem enviou tentou
passar.
A comunicação expressiva requer que um comunicador (pessoa que
comunica) passe a informação para outra pessoa. Comunicação expressiva pode ser
realizada por meio do uso de objetos, gestos, movimentos corporais, fala,
escrita, figuras, e muitas outras variações.
Algumas estratégias são utilizadas para a
aquisição da comunicação das pessoas surdocegas e das pessoas com DMU. Em relação às pessoas
surdocegas, para elaborar estratégias de aprendizagem, devem-se primeiro
observar o nível intelectual e educacional alcançado pela pessoa antes de
adquiri a surdocegueira. Para ajudar uma criança que não apresenta nenhum
resíduo visual ou auditivo a explorar o meio em que vive a si e ao outro
podemos começar utilizando a técnica da mão sob mão, o professor coloca sua mão
sob a mão do aluno e orienta o seu movimento sem a controlar, permitindo desta
forma que explore o ambiente, seu corpo ou o corpo do professor. Esta
estratégia precisa ser bem planejada e deverá ser utilizada com um objetivo de
cada vez, ou seja, o ambiente deve ser planejado, e organizado adequadamente
para favorecer a interação do aluno com o meio e outras pessoas. Determinar o
que vai ser trabalhado, sendo uma coisa de cada vez. Considerando-se que a memória
do surdocego tem curta duração as estratégias de aprendizagem deverão ser
repetidas quantas vezes forem necessárias até que se tenha certeza de que houve
aprendizagem. Outra estratégia que pode ser utilizada para orientação do
ambiente, subir escadas através do toque, ou seja, bater suavemente no joelho
ou perna do surdocego e conduzir seu pé para o degrau seguinte. Fazer isso
repetidas vezes até que a pessoa compreenda a mensagem e possa internalizá-la.
Uma outra estratégia, seria exploração do olfato sendo possível a identificação
de alguns alimentos como o chocolate, café, varias frutas, e alimentos,
associando a essa estratégia pode se associar o olfato com o tato, ou seja,
quando sentir o cheiro do café permitir que a pessoa surdocega manuseie um
objeto relacionando ao cheio do café com uma xícara, assim fazer com frutas,
com a terra, as árvores,e outros elementos
do ambiente. Em relação as pessoas com DMU, é necessário organizar o mundo da
pessoa por meio do estabelecimento de rotinas claras e uma comunicação
adequada. É preciso desenvolver atividades de maneira multisensorial para
garantir aproveitamento de todos os sentidos, que sejam atividades que
proporcione uma aprendizagem
significativa com oportunidades de generalizar para outros ambientes e pessoas
Referências:
Coletânea UFC-MEC/2010; A Educação Especial na Perspectiva da
Inclusão Escolar-Fascículo 05: Surdo cegueira e Deficiência Multipla
Muito bom o seu texto e achei muito importante dar ênfase à questão da comunicação. Parabéns!!
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